Na Semana da Consciência Negra, a Univille reforça um de seus valores institucionais, a promoção da igualdade e combate ao preconceito. Com o tema “Respeite a igualde e promova a Justiça”, o evento acontece desde terça-feira (20/11), no campus Joinville. A Semana mostra a importância da população negra na cidade e sua atuação em diversos setores da sociedade. As ações foram organizadas pelo Comitê de Educação em Direitos Humanos e Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR).
A invisibilidade da cultura negra em Joinville é resultado de uma negação histórica da participação dos povos afrodescendentes na fundação e no desenvolvimento da cidade, explicou o historiador e professor Dilney Cunha, durante a palestra que aconteceu na quarta-feira (21), na Universidade. “A história é contata a partir do ponto de vista do colonizador europeu, porém o que pouco se fala é que na região onde hoje é Joinville habitavam diversas famílias luso-brasileiras e seus escravos”, destaca Cunha. De acordo com o professor, a mão de obra escrava foi constantemente usada na construção da cidade, mas essa história não é reconhecida. “A onda conservadora foi e ainda é muito forte na cidade, excluindo a cultura afrodescendente”, completa.
A exposição “Sobre Nós”, que acontece o bloco A da Universidade, destaca as pessoas negras que fazem parte de movimentos sociais, esporte, comunicação, entre outras. O objetivo é trazer à tona os rostos conhecidos pela população e outros que muitos não conhecem ou não conheceram. A exibição fica aberta ao público até o dia 23/11 e tem entrada livre.
A importância da conscientização e valorização cultural
As pesquisas sobre os afrodescendentes já são realizadas há duas décadas na Universidade e mostram que, por muitos anos, a memória dessa população ficou esquecida desde a época da colonização da cidade. Para fortalecer e valorizar a história, o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB) foi criado por iniciativa de acadêmicos, professores e da comunidade educacional de Joinville para realizar pesquisas, grupos de trabalho e debates sobre o assunto.
O Caminho Curto, um projeto de ensino, pesquisa e extensão, é realizado em uma comunidade quilombola do bairro Pirabeiraba e que envolve acadêmicos de diversos cursos da Univille. É lá que os estudantes estudam a realidade local, realizam trabalhos voluntários e vivenciam na prática as questões de racismo e resistência na sociedade.
No ano de 2017, a Universidade assinou o pacto pela Educação em Direitos Humanos em todo seu âmbito (professores, acadêmicos e pessoal administrativo). A iniciativa deu origem ao Comitê de Educação em Direitos Humanos, para que questões importantes como o racismo e os direitos humanos sejam discutidas e vivenciadas por todos que fazem parte da instituição. Uma iniciativa do Comitê nas redes sociais foi criada para denunciar os casos de racismo e também para conscientização sobre o assunto e discutir a diversidade étnico-racial. “O preconceito se manifesta nas pequenas atitudes, nas brincadeiras e se manifesta de forma muito violenta na exclusão social, seja ela exclusão econômica ou cultural”, destaca a professora e pró-reitora de ensino Sirlei de Souza.