Joinville pode chegar a um cenário ainda mais crítico da Covid-19 do que o registrado no primeiro semestre do ano, com colapso do sistema de saúde, se o número de casos da doença não parar de crescer nas próximas semanas. É o que mostra um modelo epidemiológico feito com base nos dados da taxa de transmissão do coronavírus no município e que alerta para um avanço preocupante na ocupação dos leitos de UTI no município. Em encontro virtual hoje (15/12), a equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apresentou à reitoria da Univille os dados finais do Inquérito Epidemiológico de Covid-19, que conta com a participação da Universidade.
Segundo o médico Henrique Diegoli, responsável pelo Inquérito Epidemiológico de Covid-19, o modelo mostra como será o avanço da doença se a população não tomar os cuidados necessários e se o ritmo de transmissão continuar como registrado atualmente. Ele utilizou dados mais recentes sobre a transmissão da doença em Joinville para atualizar um modelo que já havia sido apresentado em julho, mês em que pela primeira vez a ocupação de leitos chegou a 100%.
"O modelo mostra o que vai acontecer se continuarmos na situação em relação aos cuidados com o distanciamento social que estamos hoje, se as pessoas continuarem a se relacionar com o mesmo número de indivíduos sem máscaras, se elas continuarem saindo sem necessidade, fazendo as mesmas atividades que fazem hoje. Precisamos melhorar as medidas de distanciamento social para não concretizar o cenário apontado pelo modelo", enfatizou Diegoli.
O modelo também simula cenários com melhora e piora da taxa de transmissão. Se houver uma piora em 15% na taxa de transmissão da doença, a cidade precisaria de mais de 250 leitos de UTI nas próximas semanas. Segundo o médico, mesmo com todos os recursos investidos em Joinville, não é possível a cidade ter esse número de leitos. "Esse aumento ocorre de forma muito rápida, então a prevenção é extremamente necessária", reforça.
A Secretaria da Saúde está preocupada com o avanço na piora dos indicadores de distanciamento social observados no Inquérito Epidemiológico. Em julho, quando ocorreu o primeiro pico da doença, cerca de 10% das pessoas referiam estar saindo para bares, restaurantes, ou comércio fora o essencial. Nas últimas semanas, esse número chegou a mais de 60%.
Diegoli chama atenção para o fato de que, mesmo que a pessoa consiga um leito de UTI, ela tem uma doença muito grave e com uma chance elevada de falecer. "E as pessoas que não precisam de leito de UTI também podem ter quadros bem complexos, bem ruins. Em alguns casos ficarem com sintomas de problemas respiratórios, perda do olfato, dificuldade de concentração, que podem se manter por tempo prolongado. Não sabemos ainda se isso pode ou não permanecer como um tipo de sequela para a pessoa. Essa é uma doença que ninguém pode querer pegar, porque pode ter consequências graves para a sua saúde, mesmo sendo uma pessoa jovem", alerta.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Jean Rodrigues da Silva, a SMS continua monitorando a curva de transmissão do coronovírus em Joinville é com base nela que vai decidir sobre a ampliação ou não das restrições, através de novos decretos.
FONTE: Secom/Prefeitura de Joinville