A experiência marcante no contato com grupos em situação de rua de Joinville, em ações promovidas pela disciplina Práticas Interprofissionais em Saúde, motivou a acadêmica de Medicina da Univille Caroline Trindade a criar um projeto para cooperar na reversão do problema. “A ideia é atuar em causas evitáveis, dar visibilidade aos ‘invisíveis’”, ressalta a estudante. A Univille é referência em Santa Catarina no aprendizado de práticas profissionais em saúde, que se revelou um importante meio para a quebra de tabus, além do contato direto com a realidade brasileira da área.
As conversas de Carolina com “moradores de rua”, como costumam ser chamados, ocorreram em visitas ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, o Centro POP, que atende cerca de 20 pessoas por dia. “Nesse pouco contato que tive, aprendi muito e achei incrível a força que eles demonstram para superar obstáculos”, conta ela. Com a ajuda do professor Luciano Henrique Pinto e de alguns colegas do curso, o projeto Humanizar ganhou vida em 2020 e um perfil no instagram.
“Nosso objetivo é ir além do assistencialismo. Queremos conhecer a realidade deste público de forma científica e atuar de maneira interdisciplinar”, destaca o professor Luciano, responsável pela área de pesquisa e um dos coordenadores do Humanizar. O projeto já tem parceria com as secretarias municipais da Saúde e de Assistência Social. “Também queremos qualificar o trabalho desses agentes públicos. A partir de relatos das pessoas em situação de rua, identificamos deficiências nos atendimentos por falta de conhecimento”, completa.
Conforme o professor, o projeto é dividido em três eixos. Um deles - violência e condições de abuso e vulnerabilidade - é o foco de questionário para entrevistas, em fase de elaboração. Os demais eixos são inclusão social e a parte psicossocial da questão, que trata de doenças mentais e abuso de drogas ilícitas. Ex-detentos, migrantes e pessoas que perderam os documentos predominam entre os moradores de Joinville, segundo ele.
O projeto é integrado – além de pesquisa, reúne ações de ensino e extensão - e foi aprovado em maio pelo Conselho Universitário. Tem a participação de dois bolsistas, de acadêmicos voluntários dos cursos de Medicina e Enfermagem, de professores voluntários e de três coordenadores - Luciano Henrique Pinto, Brígida Erhardt e Flaviane Lazarine.
Nesse momento, o grupo se dedica a dar assistência emergencial associada à pandemia e à estação do frio, com doação de roupas e cobertores e de kits com água, sabão e álcool gel. Na foto, parte do grupo que foi buscar, em junho, as doações concentradas na Univille: o professor Luciano Henrique Pinto com os acadêmicos Pedro Augusto Mossato , Aline Krein Moletta, Caroline Trindade, Maria Francisca Moro, João Pedro Donel, Alan Sabino Ramos e Talita Anilda Ebeling.