Para a acadêmica Suélen de Paula, o curso de graduação em Design de Moda da Univille turbinou seu gosto por um tema que a encanta desde criança, influenciada pelos pais: a sustentabilidade – em especial, o reuso de materiais. “Com as disciplinas que abordam o assunto no curso, comecei a pesquisar e conhecer mais sobre esse conteúdo tão rico e importante, despertando ainda mais o meu interesse”, conta ela. Em 2020, alinhou seu tema favorito à proposta de um concurso de moda, a inclusão, o que lhe rendeu inspiração para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e a classificação para apresentar na competição o resultado das suas criações, uma minicoleção para deficientes visuais utilizando materiais têxteis descartados.
Junto com as acadêmicas Karina Dallagno e Rafaela Borri, Suélen forma o trio de estudantes de moda da Univille selecionadas para o desfile da final do 8º Prêmio Brasil Sul de Moda Inclusiva, marcado para 27 novembro na FIESC, em Florianópolis. Os trabalhos são individuais. Apenas 20 foram classificados na etapa regional. Cada projeto contemplou três looks apresentados em croquis e que agora vão sair do papel para ganhar a passarela. O concurso, realizado pelo Instituto Nação Brasil propõe novas formas de pensar a moda ao motivar estudantes dos cursos de design de moda a criar e produzir roupas adaptadas a pessoas com deficiência, de modo a facilitar a acessibilidade e incentivar entre elas a autonomia.
Para Rafaela, o resultado foi inesperado. “É o primeiro projeto que participo e fiquei surpresa com a classificação, pois estou cursando o primeiro ano!”, manifesta admirada. Ela conta que, em uma aula presencial, pouco antes da pandemia da Covid-19, surgiu o questionamento em sala de aula sobre a moda inclusiva.
Foi a partir dessa reflexão que decidiu a linha que seguiria na temática da inclusão. “Pensei em como deve ser difícil para pessoas com nanismo ou com diferentes estruturas corporais encontrar roupas de tamanho apropriado, sendo que acabam comprando roupas do setor infantil. Com a criação (motivada pelo concurso), busquei trazer para as peças modernidade, elegância e sensualidade, mas sempre com muito conforto”, explica.
Rafaela e Karina também são adeptas de carteirinha do sustentável e consciente. “Quando tenho que desenvolver um projeto, eu penso em como posso ajudar o consumidor final de acordo com suas necessidades e desejos, visando além do conforto e funcionalidade, inclusão, matérias-primas e processos sustentáveis”, relata Karina. “Considero fundamental. Além de buscarmos sempre conforto, durabilidade e solução de alguns erros das peças, devemos pensar nos aspectos relacionados ao meio ambiente e à inclusão social”, diz Rafaela.
Vencedora do 3º lugar no concurso do ano passado, Karina criou para a 8ª edição oito peças para compor os três looks exigidos. “Optei por participar novamente, pois sou apaixonada por moda inclusiva. Foquei em desenvolver peças que podem ser alternadas entre os looks, como um ‘guarda-roupa cápsula’”. O termo se refere à mais atual tendência de moda consciente, que propõe um armário com poucas peças de roupas que combinam entre si e seguem o estilo pessoal.
Auxiliada pela professora Rita Lorenzi em todo o processo, da escolha dos croquis às fichas técnicas, Suélen de Paula concentrou-se no fator sensorial para desenvolver seu projeto. “Cada look foi pensado nesse aspecto, de interação das peças com os deficientes visuais, para que eles pudessem identificá-las com facilidade. E nas peças que não possuíssem este lado mais sensorial, trabalhei estampas como ornamentos com palavras em Braille: paz, luz, natureza e vida”.