Há cerca de 1 mês os acadêmicos do curso de Design de Produto e Serviços receberam a proposta de desenvolver um instrumento que auxiliasse o acadêmico do Curso de Medicina da Unville, Luís Gustavo, a colocar e retirar as luvas de procedimento para atender os seus pacientes, já que ele não possui um dos braços. A turma do terceiro ano topou o desafio e se dedicou a realizar esse projeto.
Luís nos contou um pouco sobre sua história:
“Tudo começou com a amputação de membro superior esquerdo devido a um osteossarcoma, 6 meses antes de iniciar a faculdade, em 2017. Foi um desafio iniciar o curso de Medicina sabendo que a profissão de médico exige habilidades práticas que são operadores-dependentes. Aulas de propedêutica, exame físico nos pacientes, aulas de técnica operatória, estágios cirúrgicos, procedimentos e assim adiante. Todo dia algo novo, que com muita boa vontade de professores, amigos, universidade, pacientes, adaptamos para minha realidade. Não foi diferente com essa demanda de calçar as luvas. Sempre que precisava, antes do produto criado pelos acadêmicos de Design de Produto, solicitava ajuda de alguém ao meu redor para tal.”
Luís ainda conta que após compartilhar um vídeo em suas redes sociais mostrando como calçava luvas sozinho, utilizando os puxadores de porta de um armário como apoio, a professora de enfermagem, Sandra Luft Paladino, entrou em contato com ele e repassou essa situação para o professor João Carlos Vela.
Henrique Zanon, acadêmico de Design, nos contou que em conversa com o Luís eles questionaram sobre como é seu cotidiano, buscando entender o que ele precisava e como esse problema poderia ser solucionado. A partir daí, eles buscaram por algum material em que o Luís pudesse demonstrar como que ele calçava a luva, e encontraram um objeto chamado sargento, que é preso em uma base por meio de uma rosca, e pode ser removido. Como é um objeto difícil de se manusear com apenas uma mão, os acadêmicos encontraram uma solução: um sargento que pode ser preso na base com uma mão, por meio de um “gatilho”.
Dessa forma, eles desenvolveram o restante do projeto com base nesse instrumento, criando protótipo com um suporte em madeira e com pinos onde é colocado a luva para ser calçada. O protótipo ficou pronto em 3 semanas, e o Luís já está utilizando-o no seu dia a dia, proporcionando autonomia em seus atendimentos. Mas o objetivo é dar continuidade nesse protejo, fazendo modelagens em impressora 3D, e melhorando ainda mais sua usabilidade.
Sobre o desenvolvimento do trabalho, Henrique disse que ele e a turma estavam muito empolgados pois sabem da real necessidade e importância desse produto para Luís, e o resultado e velocidade em ele foi criado deixaram eles muito felizes.
Por fim, Luís disse em na conversa com os acadêmicos que “o mais importante, independente do resultado final, foi a acolhimento, empatia e discussão sobre o tema de acessibilidade com todos do projeto. Pensando em uma escala macro, isso pode auxiliar muitas pessoas com limitações físicas que trabalham na área de saúde.”