Marcelo Lacerda, médico e docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Saúde e Meio Ambiente da Univille, teve um artigo publicado no último mês no The New England Journal of Medicine (NEJM), segunda publicação médica mais influente do mundo. O estudo, intitulado "Belantamab Mafodotin, Bortezomib,Dexamethasone for Multiple Myeloma", investigou novas abordagens para tratar o mieloma múltiplo.

Ele integrou o Dreamm-7, grupo de pesquisa composto por médicos pesquisadores de diversas nacionalidades e liderado pela médica Vania Hungria, cofundadora da International Myeloma Foundation Latin America

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que afeta a medula óssea, sendo o terceiro câncer sanguíneo mais comum mundialmente. Ainda não tem cura e atualmente oferece sobrevida média de 3 a 10 anos. Por isso, os resultados promissores do estudo trazem novas perspectivas em se prolongar a remissão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

 

O estudo

O estudo clínico avaliou a eficácia e a segurança de combinações terapêuticas envolvendo um novo fármaco - abelantamabe mafodotina - em pacientes que já haviam recebido tratamentos anteriores, mas não responderam aos efeitos ou receberam novo diagnóstico após um tempo. Os resultados mostraram melhorias significativas na chamada sobrevida livre de progressão, ou seja, no tempo de vida sem piora do câncer, com uma redução de 59% dos riscos.

“O que se observou neste estudo foi ganho de tempo em remissão, mais tempo com a doença sob controle, o que beneficia a qualidade de vida. O mieloma múltiplo gera muito risco de fratura, anemia, falência renal, então, conseguimos melhorar o quadro clínico do paciente no tratamento, a médio e longo prazo, para que não sofra tanto”, comemorou o médico.

O estudo realizado foi de fase 3, geralmente considerado o último necessário para aprovação do novo tratamento pelos órgãos reguladores.

 

Pacientes de Joinville

Os participantes foram tratados no Centro de Hematologia e Oncologia de Joinville, terceiro em número de pacientes recrutados para a pesquisa, contribuindo para avanços científicos e acesso a tratamentos inovadores pelo Sistema Único de Saúde.

"Além dos benefícios científicos, a participação do médico e docente da Univille na pesquisa é relevante também na formação acadêmica de seus alunos. “Essa oportunidade de aproximação com estudos clínicos desde a graduação fortalece a formação dos futuros médicos e impulsiona a pesquisa clínica no país”, destaca o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Univille, Paulo França.

Lacerda é um dos líderes da Liga de Hematologia da Univille, iniciativa que busca expandir o envolvimento dos estudantes em pesquisa e prática clínica. Esta iniciativa não só enriquece a formação dos alunos, mas também contribui para melhorar os serviços de saúde pública ao aplicar resultados de pesquisa na prática clínica.

“É um diferencial na formação que pode beneficiar a sociedade como um todo. Devemos nos esforçar para trazer a pesquisa para a saúde pública, aumentando a qualidade desses serviços e proporcionando opções melhores para promover a saúde e tratar doenças na sociedade", finaliza o médico.